sábado, 17 de janeiro de 2009

Maringá, Cidade Canção

Estive nesta quarta-feira assistindo o prêmio do Sonic Flower Club. Fantástico. Incrível. Parabéns ao Flávio. Conseguiu juntar muita gente diferente em um evento só. Vendo tal organização me lembrei de um texto que enviei para o O DIÁRIO nos idos de 2000. Triste é pensar que, se não fosse o Flávio, o Andy e outras iniciativas pessoais, pouca coisa teria mudado.

Maringá - Cidade Canção. Será?
(Carta publicada no O Diário de 2000)
Enfim a Prefeitura de Maringá resolveu fazer algo pela cultura local. Com o sobrenome de "Cidade Canção", há muito que Maringá espera por uma iniciativa. O "Festival Popular de Todos os Cantos" foi realmente ótimo. Sobrou talento, sobrou criatividade e sobrou garra e torcida. O que faltou foi perguntar aos músicos, aonde eles aprenderam a tocar?

Digo isto pois conversando com o compositor e violonista Ezequiel Piaz fiquei sabendo que ele se formou em violão clássico estudando em conservatórios públicos em Minas Gerais. Bem, o estado de Minas tem, segundo o músico, 17 conservatórios públicos e gratuitos espalhados pelo estado. E o Paraná? Qual o reflexo disto? Bem, de Minas Gerais podemos destacar músicos como Milton Nascimento - MPB, Skank - Reaggae, Sepultura - Metal, Pato Fu-Rock/Pop entre outros tantos. E do Paraná? Que músico conseguiu alcance nacional? (Não vamos esquecer da maringaense falecida Miriam Batucada que foi um expoente da MPB. Alguém pode citar outro?)

O nosso estado não tem tradição cultural. Isto é um fato muito fácil de se perceber. Vejam a nossa linda "Cidade Canção" e seus diversos bares esperando por músicos. O fato é que, infelizmente, a maioria destes bares não consegue alvará para música ao vivo. Nós temos os músicos, temos os locais e temos a prefeitura no meio do caminho que impede o músico de tocar no bar. Esta é a vida na "Cidade Canção"! Enquanto outras cidades do Brasil os bares do centro são obrigados a terem música ao vivo pelo menos 3 vezes na semana, aqui em Maringá resta ao músico esperar por um lugar ao sol.

Os festivais sempre foram uma vitrine para os artistas novos aparecerem. O mais importante deste festival realizado pela prefeitura não foi o prêmio em dinheiro nem a gravação do CD. O mais importante foi dar oportunidade aos músicos de mostrar o seu trabalho. Acredito que se a prefeitura estiver disposta a montar um palco em cara praça da cidade a cada fim de semana, não faltarão bandas que estarão dispostas a tocar de graça pelo simples prazer de tocar e mostrar seu trabalho. Aonde está o "Rock na praça"? Acabou-se o rock ou foram as praças?

Já faz anos que o FEMUCIC perde tempo se dizendo "o maior festival de música do Brasil", se gabando por ter dezenas de estados brasileiros representados e sem dar oportunidade aos músicos locais. Tudo bem, talvez não tenhamos músicos locais bons o suficiente para tocar em tão conceituado festival. Em São Paulo o vereador Turco Loco entrou com um processo na Câmara exigindo que sempre que um artista de fora fosse se apresentar, deveria haver um músico local fazendo a abertura do show. Porque isto não acontece na nossa "Cidade Canção"?

Este festival foi ótimo e valeu muito. É uma iniciativa válida e que engrandece nossa cultura. Parabéns aos seus organizadores. Porém, vale lembrar que se o objetivo é fazer o nome "Cidade Canção", apenas isto não é o suficiente. Apesar de ser um bom começo...


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